Entre os fatores de risco que provocam o desenvolvimento da doença arterial coronariana, encontram-se as dislipidemias, que são distúrbios do metabolismo lipídico, com repercussões sobre os níveis das lipoproteínas na circulação sangüínea, bem como sobre as concentrações dos seus diferentes componentes. A partícula de lipoproteína (a) apresenta estrutura semelhante com LDL, sua síntese ocorre no fígado e sua concentração plasmática varia de < 1 mg a > 1.000 mg/dL e quando acima de 20 a 30 mg/dL o risco de desenvolvimento de doença cardiovascular aumenta em cerca de duas vezes, segundo a literatura. O uso de estatinas, muito utilizadas para reduzir os níveis de LDL não interfere no nível da lipoproteína (a), diferentemente da niacina (B3) e da ezetimiba, que promovem sua diminuição, embora as pesquisas ainda estejam em andamento e de fato ainda não podemos ter clareza em sua eficácia.
Como citado acima o LDL, é de grande importância lembrar que na verdade, essa molécula não é um colesterol. O que ela faz é carregar as partículas de colesterol do fígado e de outros locais para as artérias. Também não vejo LDL como um vilão quando não associado a outros fatores de risco como diabetes, hipertrigliceridemia, ferritina elevada, obesidade e outros. A bioquímica define LDL, HDL como uma partículas de proteína e hidrossolúvel: "HDL e LDL são lipoproteínas que garantem o transporte do colesterol no corpo." Níveis elevados ou diminuídos dessas lipoproteínas podem estar relacionados a alterações genéticas entre 40 e 60% dos casos (Nat Genet. 2006;38(2):218-22). O cientista David Perlmutter afirma, no livro A dieta da mente, que a inflamação causada por carboidratos, principalmente simples, desencadeia um processo de oxidação no organismo e é precisamente o LDL (conhecido como colesterol ruim) oxidado que provoca o acúmulo de gordura nas artérias. Contudo e mais importante, em um corpo não inflamado, o LDL segue sua função de levar o colesterol vital (HDL) para o cérebro. Apontando a sua importância e necessidade para o nosso corpo, principalmente para a as funções cognitivas: memória, raciocínio, autoestima, disposição, etc.
Voltando para Lipoproteína (a), que tem em sua base de pesquisas pouquíssima comprovação cientifica referente a sua origem, função e tratamentos, da qual meus exames bioquímicos apresentam valores de 85mg/dl fixo nas ultimas 3 verificações, nota-se uma grande necessidade de aplicação de estudos para esclarecer sua relação com a carga genética e estilo de vida dos indivíduos e seus valores. A epigenética vem trabalhando a conexão de fatores ambientais com a ativação de informações de proteínas em nosso DNA e isso é muito importante para que os fatores de riscos associados a LP(a) sejam reduzidos, como por exemplo quando cruzado a níveis elevados de triglicerídeos, que acima do limítrofe, tendem a triplicar o risco de infarto agudo do miocárdio (IAM), acidente vascular cerebral (AVC) e doença arterial periférica. Níveis constantemente elevados de lipoproteína(a) e triglicérides no sangue podem resultar em aterosclerose, que gera obstruções nos vasos sanguíneos. Imagine um cano entupido, é mais ou menos isso meu/minha amigo(a)!
Exame bioquímico
As lipoproteínas apresentam como função mais conhecida o transporte de colesterol e triglicerídeos. Em recente estudo, entre 40 indivíduos idosos saudáveis sendo normolipidêmicos (Níveis de colesterol dentro dos parâmetros aceitáveis pela Sociedade Brasileira de Cardiologia), sendo que 20 realizavam treinamento aeróbio a 50% do VO2máx, com duração de uma hora por dia, quatro dias por semana e 20 sem treinamento aeróbio, após cinco meses de programa, observando-se mudanças significativas e positivas em relação aos indivíduos que não treinavam. A maioria dos estudos relaciona somente os exercícios aeróbios com lipoproteína(a), sem ênfase aos exercícios de força. Entretanto, estudo recente, relacionando os níveis de atividade física pelo gasto energético em homens com histórico de doença arterial coronariana com os níveis de lipoproteína(a), constatou que, no grupo muito ativo (gasto energético >300 Kcal/dia) na atividade física, os valores de lipoproteína(a) foram mais baixos do que no grupo ativo (gasto energético <300Kcal/dia). (Am J Public Health 1999; 89: 383-5.)
METODOLOGIA DE PREVENÇÃO AOS EFEITOS DA LP(a) (ACIMA DE 30ng/dl):
01. Perder peso, especialmente gordura da região abdominal. 02. Controle das calorias da alimentação em quantidade e qualidade.
03. Exercício aeróbico. 04. Atividade muscular que contribua com o aumento da testosterona em homens e estradiol em mulheres. (Necessita de mais estudos!)
05. Controle do hipotiroidismo, níveis de glicose e valores de insulina. 06. Suplementação de Ômega 3, coenzima Q10 quando abaixo ou acima de 30mg/dl. (Pharmacol Res . 2016 Mar;105:198-209) 07. Verificar e controlar níveis de triglicerídeos. 08. Evitar carboidratos refinados. 09. Fazer revisão com cardiologista anualmente. 10. Zerar tabagismo e consumo de bebida alcoólica
A Epigenética consiste nas modificações das funções genéticas que são herdadas, mas que por sua vez não alteram a sequência do DNA do indivíduo. Então se você, assim como eu, tem uma LP(a) elevada ligada possivelmente a informações hereditárias, redobre o cuidado com seu estilo de vida para garantir que seus riscos sejam controlados. Dessa forma, a epigenética nutricional busca ajudar a esclarecer a forma como a nutrição poderá manter o indivíduo saudável estimulando a ingestão de frutas, verduras e legumes (ricos em antioxidantes), inclusão da atividade física diária na rotina da população, bem como a retirada de produtos alimentícios inflamatórios, promovendo um organismo harmônico e uma pessoa feliz!
A importância do estilo de vida
JAYME ASSUNÇÃO
CRN 11090
Ótimo artigo, como nos fortalece diante das adversidades que interferem para se ter uma constância tanto no plano, quanto numa rotina saudável, conhecimento que amplia a consciência e melhora nossa relação com o nosso corpo. Parabéns e grata pela contribuição.!