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EXPLORANDO O POTENCIAL DO CANABIDIOL (CBD) NO ESPORTE E SAÚDE: REVISÃO E PERSPECTIVAS.

Atualizado: 1 de dez. de 2023

No contexto da nutrição e na abordagem de pacientes que buscam orientação clínica, o canabidiol (CBD) emerge como um componente intrigante a ser considerado. O CBD, um fitocanabinoide derivado da Cannabis sativa, tem sido objeto de crescente interesse devido às suas propriedades terapêuticas em diversas condições patológicas. A pesquisa sugere que o CBD pode desempenhar um papel significativo na modulação do sistema imunológico, na redução da inflamação e até mesmo na gestão de distúrbios neurológicos. Essa conexão entre o CBD e potenciais benefícios para a saúde levanta questões fascinantes sobre como integrar estratégias nutricionais que incluam o CBD na abordagem clínica. Estou genuinamente interessado em aprofundar meus conhecimentos nesse campo, explorando como a incorporação do CBD na prática nutricional pode oferecer soluções inovadoras para pacientes que enfrentam condições específicas. A busca por uma compreensão mais profunda dessas interações entre o CBD, nutrição e saúde constitui uma prioridade em meu compromisso contínuo com a excelência na prestação de cuidados aos pacientes.


De acordo com estudos recentes, o canabidiol (CBD) não apenas apresenta potencial terapêutico em condições neurológicas, mas também demonstra eficácia em distúrbios musculares, ressaltando sua relevância na prevenção da sarcopenia, especialmente em face de patologias específicas. Na minha prática clínica, tenho frequentemente encontrado pacientes confrontando desafios ligados a doenças neuromusculares, um conjunto diversificado de enfermidades com origens hereditárias ou adquiridas. Essas condições, muitas delas progressivas, impactam o sistema nervoso periférico, responsável pela transmissão de informações entre a medula espinhal, nervos e músculos, influenciando diretamente a qualidade de vida e a longevidade dos indivíduos. Entre as diversas doenças neuromusculares, destaco a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), radiculopatias, plexopatias, ganglionopatias, neuropatias periféricas, miastenia gravis e miopatias. O comprometimento dessas estruturas pode resultar em sintomas variados, como perda de força muscular, atrofia e, em última instância, impactos significativos na funcionalidade física dos pacientes. É notável que a pesquisa científica esteja cada vez mais reconhecendo o papel do CBD não apenas no tratamento dessas condições, mas também na prevenção do envelhecimento muscular associado à degradação muscular. A habilidade do CBD em suprimir a inflamação, identificada como um fator crucial na neurodegeneração, emerge como uma via valiosa não apenas para intervenções terapêuticas, mas também para a promoção da saúde muscular a longo prazo. Neste contexto, ao construirmos uma visão abrangente dessas patologias, é essencial considerar o potencial do CBD não apenas como um aliado terapêutico, mas como uma ferramenta de prevenção capaz de contribuir para a preservação da função muscular. Este enfoque holístico visa não apenas melhorar a qualidade de vida, mas também otimizar o desempenho esportivo dos pacientes, oferecendo soluções inovadoras e personalizadas para aqueles que enfrentam desafios neuromusculares.


O estudo "Effects of Cannabidiol Supplementation on Skeletal Muscle Regeneration after Intensive Resistance Training," conduzido por Eduard Isenmann e sua equipe na German Sports University, oferece insights valiosos sobre os potenciais benefícios do cannabidiol (CBD) na regeneração muscular pós-treinamento de resistência. Ao explorar os efeitos da suplementação única de CBD em atletas saudáveis e bem treinados, os pesquisadores observaram uma diminuição significativa no dano muscular e uma melhora na recuperação do desempenho de agachamento após 72 horas. Esses resultados sugerem que o CBD pode desempenhar um papel na otimização da recuperação muscular após exercícios intensos, indicando seu potencial valor para atletas em busca de estratégias de recuperação eficazes. No entanto, é essencial continuar a pesquisa para uma compreensão mais abrangente dos efeitos do CBD, especialmente em relação à regeneração muscular e ao desempenho esportivo. O estudo foi publicado na revista "Nutrients" em 2021 e contribui para o crescente corpo de evidências sobre os possíveis benefícios do CBD em contextos esportivos e de condicionamento físico.


A pesquisa intitulada "Molecular Mechanisms Through Which Cannabidiol May Affect Skeletal Muscle Metabolism, Inflammation, Tissue Regeneration, and Anabolism: A Narrative Review" conduzida por Moniek Schouten, Sebastiaan Dalle e Katrien Koppo, publicada em 5 de dezembro de 2022, lançou luz sobre o crescente interesse dos atletas no canabidiol (CBD). Este composto, não intoxicante e não proibido pela Agência Mundial Antidoping, despertou a atenção devido à percepção de melhorias na recuperação muscular e na redução da dor. Embora a falta de evidências sólidas provenientes de estudos de intervenção seja evidente, a revisão destaca uma série de descobertas. Em estudos com roedores, o CBD demonstrou eficácia na elevação da expressão de reguladores metabólicos em músculos de camundongos obesos, além de reduzir a inflamação muscular após exercícios excêntricos.

Além disso, ao considerarmos o cenário da nutrição esportiva, é imperativo reconhecer a importância da avaliação da recuperação muscular e do manejo dietético dos atletas ao explorarmos os benefícios de substâncias como o CBD. A interseção entre a suplementação, a dieta adequada e os processos de recuperação torna-se um componente integral no aprimoramento do desempenho esportivo. O estudo conduzido por Danielle McCartney e colaboradores, intitulado "Cannabidiol and Sports Performance: a Narrative Review of Relevant Evidence and Recommendations for Future Research," oferece uma análise abrangente sobre o potencial impacto do canabidiol (CBD) no desempenho esportivo.


Bora lá simplificar essa parada! Quero falar sobre esse estudo do CDB realizado por McCartney. Então, quando você malha demais, o corpo pode ficar meio irritado por dentro, sabia? Esse estudo fala que o tal do CBD, que é uma substância da maconha, pode ajudar a segurar a onda quando você exagera no treino. Tipo assim, o exercício pesado pode deixar o estômago meio estressado, e o CBD parece dar uma mãozinha pra acalmar as coisas. Ele é tipo um anti-inflamatório natural, que pode ser útil quando seu corpo fica na ressaca do treino. Seu potencial impacto no dano gastrointestinal induzido pelo exercício revela insights intrigantes sobre a relação complexa entre o exercício extenuante e a resposta do corpo. A revisão sugere que o exercício prolongado pode levar à isquemia gastrointestinal, inflamação e estresse oxidativo, comprometendo a integridade epitelial e potencialmente afetando o desempenho e a recuperação do exercício. O CBD, conforme explorado em estudos pré-clínicos, demonstra efeitos promissores na atenuação do dano tecidual induzido por isquemia-reperfusão e colite. Esses efeitos são frequentemente atribuídos às suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias relatadas. A substância também mostra promessa na restauração da permeabilidade intestinal, especialmente em resposta a certos estímulos.


Agora, a parada fica mais doida! O CBD não é só sobre relaxar o corpo, mas também sobre deixar os ossos e o coração numa boa. Uns testes indicam que ele pode ajudar na cura de ossos e até na pressão do sangue. Mas aqui tá o x da questão: tem uns estudos que falam que ele pode baixar a pressão, mas ainda não sabemos direito o que isso significa pra quem malha forte. Pode ser que ajude, mas não dá pra cravar. Além disso, a revisão aborda a importância da saúde óssea em atletas e como o CBD pode influenciar a estrutura e função óssea. Estudos pré-clínicos, embora limitados em relevância direta para o desempenho esportivo, sugerem que o CBD poderia melhorar a cicatrização de fraturas femorais e afetar a reabsorção óssea. No entanto, são necessárias mais pesquisas para elucidar os mecanismos e validar esses efeitos em atletas. A discussão se estende às funções cardiovasculares e metabólicas, onde estudos sobre o impacto do CBD na frequência cardíaca de repouso e pressão arterial mostram resultados mistos. Embora algumas evidências sugiram uma redução na pressão arterial sistólica em repouso, as implicações para o desempenho do exercício permanecem incertas. A influência potencial do CBD na função mitocondrial adiciona outra camada de complexidade que requer investigação adicional.


A termorregulação, crucial para manter a homeostase durante o exercício, é brevemente explorada. Os dados disponíveis sugerem que o CBD provavelmente não terá um grande impacto na temperatura central do corpo ou nos processos termorregulatórios. A ingestão dietética e os comportamentos alimentares são discutidos, enfatizando a importância da ingestão de energia e nutrientes para o desempenho atlético ideal. Estudos pré-clínicos indicam que o CBD pode influenciar a ingestão de alimentos, mas os mecanismos por trás desses efeitos ainda precisam ser estabelecidos. São necessários ensaios controlados para determinar se o CBD afeta o apetite e o comportamento alimentar em humanos, especialmente durante os períodos críticos pré e pós-exercício. A revisão aborda a doença e a infecção, observando o aumento do risco de doenças agudas, como infecções do trato respiratório superior, em atletas durante treinamentos intensos. Pesquisas limitadas sugerem que o CBD pode ter efeitos antimicrobianos e antivirais, mas é preciso cautela devido às possíveis modificações na função das células imunológicas. A ansiedade relacionada ao desempenho esportivo (SPA) é destacada como um fator que pode impactar negativamente o desempenho atlético. Ensaios clínicos sugerem que doses moderadas de CBD podem ter efeitos ansiolíticos em situações estressantes e em indivíduos com transtorno de ansiedade social.


Mais estudos são recomendados para investigar os efeitos do CBD na ansiedade pré-competição e seu impacto potencial em atletas afetados negativamente pela SPA. O sono, um aspecto crítico da recuperação e do desempenho, é discutido no contexto da influência potencial do CBD. Embora alguns estudos sugiram melhorias na duração do sono autorrelatado, a evidência é limitada e inconsistente. Mais pesquisas, especialmente em populações clínicas e atletas, são necessárias para entender melhor a relação entre o CBD e o sono. A função cognitiva e psicomotora é abordada brevemente, com a evidência atual sugerindo uma influência mínima do CBD nesses aspectos em indivíduos saudáveis. A revisão conclui reconhecendo a crescente disponibilidade de produtos contendo CBD sem receita e destaca a importância de sua qualidade e regulamentação. Também aborda a conversão do CBD em THC, enfatizando a necessidade de mais pesquisas sobre o impacto potencial do CBD nos resultados de testes de drogas.


Os receptores CB2 desempenham um papel crucial nos sistemas imunológico e hematopoiético, embora também tenham sido identificados em algumas regiões do sistema nervoso central, com expressão aumentada em estados patológicos como a dor crônica. Quando ativados, esses receptores induzem a atividade da proteína Gi, inibindo a adenilciclase e ativando a cascata da MAPK (Costa et al., 2011). Em resposta a eventos adversos, como neuro-inflamação e hipóxia-isquemia cerebral, as células microgliais podem aumentar a expressão dos receptores CB2, destacando seus potentes efeitos anti-inflamatórios na modulação da liberação de citocinas (Giacoppo et al., 2014; Fasinu et al., 2016). No âmbito da sinalização celular, os receptores canabinóides interferem em diversas vias para exercerem seus efeitos em diferentes tecidos e órgãos. Em neurônios, a estimulação pré-sináptica do CB1 inibe a liberação de neurotransmissores. Já no fígado, onde a expressão do CB1 é normalmente baixa, sua ativação conduz ao aumento de acetilcoenzima A carboxilase e ácidos graxos, resultando em um aumento da lipogênese. Por outro lado, a ativação do receptor CB2 parece mediar efeitos imunossupressores, como evidenciado por estudos anteriores (Fonseca et al., 2013). Essas interações complexas entre os receptores canabinóides e as vias de sinalização fornecem insights valiosos sobre os mecanismos subjacentes aos efeitos terapêuticos potenciais desses compostos em diversos contextos fisiopatológicos.


Os estudos iniciais sobre o impacto do CBD em animais de laboratório datam de 2005. Nessas investigações, a administração de CBD por um período de 4 a 14 dias, numa faixa de dose entre 0,5 a 5,0 mg/kg (i.p.), revelou uma notável capacidade de atenuar a degeneração de neurônios dopaminérgicos induzida pela 6-hidroxidopamina (6-OHDA), como documentado por Lastres-Becker et al. (2005), García-Arencibia et al. (2007) e García et al. (2011). Além disso, também foi observada a redução dos prejuízos motores induzidos pela reserpina, conforme destacado por Peres et al. (2016). Embora os autores desses estudos não tenham aprofundado a investigação sobre o mecanismo de ação, especula-se que os efeitos benéficos do canabidiol possam estar associados à sua atividade antioxidante, anti-inflamatória e/ou à sua capacidade de modular respostas gliais. Esses aspectos são particularmente relevantes para a sobrevivência neuronal, conforme discutido por Lastres-Becker et al. (2005) e Peres et al. (2016). Esses resultados pioneiros proporcionam uma base sólida para a compreensão do potencial terapêutico do CBD na proteção contra danos neuronais e na preservação da função motora, ressaltando sua promissora aplicação em condições relacionadas ao sistema nervoso central.


O "Mapa de Evidências sobre a Efetividade da Cannabis Medicinal" foi recentemente apresentado no maior congresso de medicina endocanabinoide do mundo, realizado em Campinas (SP). Este mapa fornece uma visão abrangente das evidências relacionadas a intervenções com Cannabis medicinal, compilando 194 estudos de revisão publicados desde 2001. Com foco em indivíduos com transtornos mentais/neurológicos e dor, o estudo categoriza 18 tipos de intervenções em quatro grupos principais: Canabinoides sintéticos, Fitocanabinoide isolado, Formulações de THC e CBD, e outras formulações à base de Cannabis. Os desfechos de saúde foram agrupados em nove categorias, abrangendo desde bem-estar e qualidade de vida até transtornos mentais. O mapa destaca 489 associações entre essas intervenções e desfechos específicos, evidenciando efeitos predominantemente positivos ou potencialmente positivos em 279 associações. O estudo ressalta a utilidade do mapa para orientar a assistência a pacientes com cannabis medicinal, bem como para influenciar gestores e promover a implementação dessa terapêutica nos serviços de saúde. Para acessar o mapa completo, clique aqui.


Minha perspectiva positiva em relação ao tratamento holístico reflete a convicção de que, embora intervenções medicamentosas sejam muitas vezes indispensáveis, não devem ser a única opção disponível para os pacientes em busca de tratamento. A abordagem holística considera o indivíduo como um todo, incorporando aspectos físicos, emocionais e mentais em busca do equilíbrio e bem-estar. Observo com satisfação que o Brasil está progressivamente alinhando suas práticas de saúde com esses princípios naturais. Diversos projetos de lei relacionados à medicina integrativa e complementar têm sido discutidos nas câmaras estaduais e federais, sinalizando um avanço na promoção de tratamentos que consideram não apenas a sintomatologia, mas também as raízes subjacentes dos problemas de saúde. Esse movimento destaca a importância do aprofundamento dos profissionais de todas as áreas em abordagens holísticas, promovendo uma visão integrada da saúde e proporcionando aos pacientes opções diversificadas e personalizadas para o seu cuidado. O entendimento e incorporação desses princípios podem representar um avanço significativo no panorama da saúde, oferecendo alternativas abrangentes e eficazes para a promoção do bem-estar.






JAYME ASSUNÇÃO

NUTRICIONISTA

CRN 11090


Isenmann, E., Veit, S., Starke, L., Flenker, U., & Diel, P. (2021). Effects of Cannabidiol Supplementation on Skeletal Muscle Regeneration after Intensive Resistance Training. Nutrients, 13(9), 3028. https://doi.org/10.3390/nu13093028


Schouten, M., Dalle, S., & Koppo, K. (2022). Molecular Mechanisms Through Which Cannabidiol May Affect Skeletal Muscle Metabolism, Inflammation, Tissue Regeneration, and Anabolism: A Narrative Review. Published online on December 5, 2022. DOI: https://doi.org/10.1089/can.2022.0220.


McCartney, D., Benson, M. J., Desbrow, B., Irwin, C., Suraev, A., & McGregor, I. S. (2020). Cannabidiol and Sports Performance: a Narrative Review of Relevant Evidence and Recommendations for Future Research. Sports Medicine - Open, 6(1), 27. https://doi.org/10.1186/s40798-020-00251-0


Arnold J, Allsop D, Lintzeris N, Mcgregor I. Pharmacological actions and associated therapeutic levels of phytocannabinoids: an evidence Check review brokered by the Sax Institute (www.saxinstitute.org.au) for the NSW Ministry of Health. 2016.


O estudo "Mapa de Evidências sobre a Efetividade da Cannabis Medicinal" pode ser encontrado em: https://public.tableau.com/app/profile/bireme/viz/cannabis-medicinal-pt/evidence-map





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