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Foto do escritorNutricionista Jayme Assunção

Qual a Relação entre Férias, Obesidade, Ansiedade e Depressão?

Durante períodos como as férias, muitas pessoas se permitem uma pausa das rotinas diárias, incluindo aquelas relacionadas à saúde e ao bem-estar. Essa abordagem, muitas vezes vista como uma oportunidade de "curtir a vida", pode levar a um abandono temporário de prioridades de saúde, como a manutenção de uma dieta balanceada ou a prática regular de exercícios físicos. Entretanto, esta suspensão das rotinas saudáveis, sob a justificativa de desfrutar plenamente do momento de lazer, pode ter repercussões significativas. A indulgência em comportamentos prejudiciais à saúde durante as férias, como a ingestão excessiva de alimentos pouco saudáveis e a falta de atividade física, não só impede a conclusão de metas de saúde a curto prazo, mas também pode minar os progressos já alcançados. Além disso, a repetição desses padrões durante períodos de descanso pode reforçar hábitos nocivos, levando a um ciclo de comportamento que progressivamente afeta a saúde física e mental de forma adversa. Portanto, é crucial equilibrar o desejo de aproveitar as férias com a necessidade de manter práticas saudáveis, assegurando que o relaxamento e o entretenimento não comprometam os objetivos de longo prazo para uma vida saudável e plena. Comer durante momentos de lazer, especialmente em períodos como as férias, pode criar um ciclo de dependência nos dias subsequentes devido a uma série de fatores psicológicos e fisiológicos. Quando nos entregamos a alimentos ricos em açúcares, gorduras e carboidratos refinados em momentos de relaxamento e prazer, nosso cérebro libera neurotransmissores como a dopamina, que geram sensações de recompensa e prazer. Essa resposta positiva do cérebro pode criar um forte vínculo entre a atividade de lazer e o consumo de certos alimentos.

Com o tempo, este padrão pode evoluir para uma dependência, onde a pessoa começa a associar momentos de lazer com a ingestão de alimentos não saudáveis. Isso ocorre porque o cérebro começa a ansiar pela "recompensa" proporcionada por esses alimentos, reforçando o hábito de recorrer a eles em situações semelhantes. Além disso, alimentos ricos em açúcares e gorduras podem ter efeitos viciantes similares aos de certas drogas, aumentando o desejo e a necessidade de consumi-los repetidamente.

Esse ciclo pode ser difícil de quebrar, pois os hábitos alimentares estabelecidos durante os períodos de lazer podem se infiltrar na rotina diária, levando a escolhas alimentares consistentemente pobres. Portanto, é importante estar consciente desses padrões e trabalhar ativamente para criar associações saudáveis durante os momentos de lazer, equilibrando o prazer imediato com as necessidades de saúde a longo prazo. Além disso, é importante destacar que algumas pessoas, após passarem por um processo de desintoxicação ou reeducação alimentar, acabam revertendo aos antigos hábitos durante as férias. Essa situação é especialmente preocupante, pois indivíduos que anteriormente se dedicaram a eliminar substâncias nocivas ou práticas alimentares prejudiciais de suas vidas, podem se ver cedendo aos mesmos comportamentos que buscavam evitar. Nas férias, o relaxamento das rotinas diárias e a mentalidade de "dar-se um tempo" muitas vezes levam a decisões impulsivas, como o consumo de álcool, alimentos ricos em açúcares e gorduras, e outras indulgências que foram evitadas durante o período de desintoxicação. Este retrocesso pode ser atribuído não apenas ao ambiente mais permissivo e às tentações presentes nessas situações de lazer, mas também a uma sensação de recompensa ou celebração que acaba sobrepondo as escolhas saudáveis. O problema com esse tipo de comportamento é que ele pode desfazer rapidamente os progressos feitos anteriormente, e em alguns casos, pode até intensificar os antigos hábitos prejudiciais, criando um ciclo de avanços e retrocessos. Por isso, é fundamental que as pessoas se mantenham conscientes dos riscos associados a essas escolhas e procurem estratégias para manter seus hábitos saudáveis, mesmo durante os períodos de férias e lazer. Isso pode incluir estabelecer limites claros para si mesmas, buscar atividades alternativas que não envolvam comida ou bebida como formas de lazer, e lembrar-se dos motivos e benefícios que as levaram a adotar um estilo de vida mais saudável inicialmente. Definir e diagnosticar obesidade é um processo bastante direto, onde o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), obtido pela divisão do peso pela altura ao quadrado, é a ferramenta padrão. Um resultado acima de 30 é classificado como obesidade. Diferentemente, o diagnóstico da depressão é majoritariamente clínico e deve ser realizado por profissionais da psicologia e psiquiatria. Enquanto sintomas como perda de peso, problemas com sono e hiperatividade motora são relevantes, a depressão se caracteriza principalmente pela alteração do humor para um estado deprimido por um longo período e com alta intensidade. Nestes casos, é essencial que o profissional de nutrição encaminhe o paciente para acompanhamento terapêutico. A saúde integral requer cuidado tanto do corpo quanto da mente. A ciência vem elucidando a inter-relação entre os hábitos alimentares e as diferentes dimensões da saúde. A homeostase, frequentemente entendida como equilíbrio, é na verdade a manutenção de um desequilíbrio constante. O corpo humano está sempre em um dinamismo de ganhos e perdas, queima e regeneração, negativo e positivo. Vivemos nesse ciclo até o final da vida, e a qualidade de vida é frequentemente medida pela balança entre dias bons e ruins.


O início de muitos transtornos alimentares pode ser rastreado até pensamentos negativos, muitas vezes desencadeados por problemas de relacionamento com familiares ou outras questões emocionais. Isso pode levar ao consumo excessivo de alimentos ricos em açúcares refinados, que temporariamente aumentam a sensação de bem-estar devido à estimulação de neurotransmissores como serotonina e dopamina. No entanto, tais comportamentos, se tornando repetitivos, podem levar a disfunções alimentares, alterações no peso e tendência ao sedentarismo. Esses padrões, por sua vez, podem desencadear uma série de problemas de saúde. É crucial, portanto, o acompanhamento de um profissional de psicologia, especialmente em casos de transtornos alimentares. Alterações relacionadas à depressão, de acordo com pesquisas, ocorrem em uma região cerebral conhecida como Eixo Hipotálamo-Pituitária-Adrenal (HPA), onde hormônios desempenham um papel crucial. O cérebro constantemente avalia as ações e reações do corpo, seja por meio de uma ressaca após o consumo de álcool, ganho de peso por má alimentação, ou sentimentos depressivos. Essas avaliações cerebrais não são simples, principalmente na presença de estresse e outros sentimentos negativos que podem evoluir para depressão.


Os medicamentos podem aliviar os sintomas, mas não necessariamente tratam a causa subjacente da depressão. Melhorar o funcionamento intestinal, que é responsável pela produção de 90% da serotonina que chega ao cérebro, é um caminho eficaz tanto para auxiliar nos tratamentos cognitivos quanto para prevenir a depressão. A atividade física é essencial para manter o corpo saudável e a mente positiva. É fundamental estar atento ao estado emocional e evitar que oscilações emocionais afetem nosso humor de forma constante. Muitas vezes é necessário moldar o ambiente ao nosso redor para promover escolhas mais saudáveis, como preferir atividade física ao invés de ir ao bar, ou escolher uma refeição nutritiva no lugar de um bolo açucarado. A pesquisa publicada na revista JAMA Psychiatry intitulada "Genetic Association of Major Depression With Atypical Features and Obesity-Related Immunometabolic Dysregulations" identificou um aumento no número de pessoas com depressão que também apresentam problemas metabólicos, como diabetes tipo 2 ou excesso de peso. Os pesquisadores analisaram as variações genéticas em indivíduos com depressão e obesidade, buscando compreender a mecânica que une estas duas condições. A pesquisa sugere que a depressão pode começar com uma inflamação sistêmica que afeta o cérebro e altera a produção ou transmissão de hormônios relacionados ao humor e metabolismo. Isso interfere no Córtex Cingulado Anterior, uma área cerebral que ajuda na análise da realidade e na tomada de decisões.

Entender essa interconexão entre obesidade e depressão é o primeiro passo para prevenir a associação dessas duas patologias. A chave para sair da depressão pode estar em melhorar a condição física do corpo. É crucial adotar um novo estilo de vida, onde medicamentos podem ser necessários, mas não são a solução definitiva. As sessões de terapia são fundamentais, mas dependem de neurotransmissores regulados e eficientemente produzidos para que o indivíduo mantenha a constância em seus pensamentos corrigidos. Lembramos que é sábio aprender com os erros alheios, portanto, essa informação serve para todos, independente de ter ou não depressão. A inter-relação entre obesidade e depressão em mulheres representa um domínio de crescente investigação na medicina comportamental e na saúde pública. Estudos têm demonstrado que as mulheres com obesidade enfrentam riscos aumentados de desenvolver depressão, uma associação que pode ser atribuída a uma complexa mistura de fatores biológicos, psicossociais e ambientais (Gavin et al., 2010). Pressões culturais exacerbadas sobre a aparência física e o peso corporal, frequentemente experienciadas pelas mulheres, contribuem para a vulnerabilidade à depressão nesse grupo (Münch et al., 2019). Além disso, aspectos como imagem corporal negativa e estigma de peso são fatores psicológicos que agravam esse risco (Sarwer e Fabricatore, 2008). Do ponto de vista biológico, as mulheres experimentam flutuações hormonais únicas que podem influenciar tanto o peso quanto o humor, destacando a necessidade de considerar estas variáveis em tratamentos e intervenções (Kuehner, 2017). Reconhecendo a obesidade e a depressão em mulheres como entidades interconectadas, a literatura ressalta a importância de abordagens terapêuticas integrativas que abrangem tanto os aspectos físicos quanto os psicológicos (Faulconbridge e Bechtel, 2014). Esta compreensão multidimensional é fundamental para promover um cuidado mais eficaz e empático à saúde feminina.


Em minha prática clínica, atendendo mulheres diariamente, observo a importância de estratégias integradas para superar e prevenir a obesidade. Essa abordagem abrangente é crucial, pois a obesidade em mulheres muitas vezes está entrelaçada com questões de autoimagem e bem-estar emocional. Uma dieta balanceada e atividade física regular são pilares essenciais. Estes não apenas contribuem para um peso saudável, mas também promovem melhorias significativas no bem-estar mental. Além disso, a terapia cognitivo-comportamental tem se mostrado extremamente benéfica na minha experiência clínica. Ela ajuda as mulheres a lidar com problemas relacionados à imagem corporal e padrões alimentares. Essa abordagem terapêutica apoia na reformulação de crenças e comportamentos negativos sobre alimentação e peso, fomentando uma relação mais saudável com a comida e com o próprio corpo. Outro aspecto crucial é o gerenciamento do estresse e o desenvolvimento da resiliência emocional. O estresse frequentemente contribui para o ganho de peso e dificulta a perda de peso. Programas de apoio e comunidades que incentivam a saúde e o bem-estar são fundamentais, proporcionando a motivação e o suporte necessários para sustentar mudanças positivas no estilo de vida. Com base na observação do desempenho cognitivo e do progresso na autoimagem das mulheres que atendo, fica evidente que uma abordagem multifacetada - combinando mudanças dietéticas, exercícios físicos, terapia comportamental e suporte emocional - é a chave para superar ou evitar a obesidade de maneira eficaz e duradoura.


A abordagem da obesidade, tanto em homens quanto em mulheres, exige uma atenção urgente e dedicada, considerando as vastas implicações que esta condição tem sobre o bem-estar mental e físico dos indivíduos e, consequentemente, sobre a sociedade como um todo. É crucial que abordemos a questão da obesidade com uma visão clara, livre de recriminações ou críticas. Ao invés disso, devemos apresentar novos caminhos e perspectivas que incentivem uma vida mais saudável e equilibrada. Frequentemente, indivíduos com obesidade enfrentam desafios internos significativos, incluindo a tendência à autossabotagem. Muitas vezes, as prioridades momentâneas, como a busca por gratificação imediata através da alimentação, podem ofuscar os benefícios a longo prazo de um estilo de vida mais saudável. Essa dinâmica pode levar ao abandono dos bons resultados já alcançados, favorecendo a manutenção de hábitos antigos e pouco saudáveis que impedem o progresso efetivo. Para combater esse ciclo, é essencial desenvolver estratégias que reforcem a autoconsciência e a autodisciplina. Isso pode incluir o estabelecimento de metas realistas, o apoio de um grupo ou de profissionais de saúde, e a educação contínua sobre nutrição e saúde mental. Além disso, é importante criar um ambiente que promova escolhas saudáveis e ofereça suporte constante, ajudando a evitar recaídas e incentivar a manutenção de um estilo de vida benéfico.


Contudo, há casos em que, mesmo com todo o suporte disponível, algumas pessoas optam por não persistir em seus esforços para superar a obesidade. Esta escolha pode, infelizmente, levar a arrependimentos futuros. Em situações como estas, resta-nos aguardar e esperar que essas pessoas encontrem por si mesmas a motivação necessária para mudar. Em minha prática, percebo a importância de respeitar a jornada individual de cada um, reconhecendo que o despertar para a necessidade de mudança é um processo intrínseco. Em meu trabalho diário, especialmente através do meu Instagram, me dedico a publicar conteúdos que incentivam e motivam as pessoas a adotar a constância necessária para alcançar uma qualidade de vida melhor, inclusive nas férias. Esses conteúdos são projetados para inspirar e educar, mostrando que a persistência e a disciplina são fundamentais para alcançar objetivos de saúde e bem-estar. No entanto, é essencial reconhecer que não podemos nos desgastar excessivamente tentando convencer alguém que não está pronto ou disposto a mudar. Cada pessoa tem seu próprio tempo e processo de transformação, e, às vezes, a melhor forma de ajudar é simplesmente estar disponível quando elas decidirem iniciar sua jornada. É uma linha delicada entre oferecer apoio e respeitar a autonomia do indivíduo. Afinal, a motivação para a mudança precisa vir de dentro, e enquanto profissionais de saúde, nosso papel é fornecer as ferramentas e o suporte necessário para quando essa motivação surgir.



JAYME ASSUNÇÃO CRN 11090

NUTRICIONISTA



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3 Comments


Boa noite! Li todo texto de cabo a rabo e achei muito interessante, parabéns muito bem explicativo vou marcar um retorno em breve estou dando uma descansada no bolso. Até lá !!!!

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g.umbelino
Jan 17, 2023

Ótimo artigo! Além de esclarecer sobre a relação da alimentação nas questões do humor, traz reflexões como aspectos fisiológicos e metabólicos estão intrinsecamente relacionados com nossos hábitos e a possibilidade de escolhas mais assertivas para uma qualidade de vida, outro ponto que achei muito legal do texto foi abarcar a importância da interdisciplinaridade , mesmo tendo toda essa riqueza de conteúdo alerta a importância da busca por profissionais da psiquiatria e psicologia, demonstrando a complexidade que é este quadro clínico. Parabéns!

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Ana Lídia Lucena
Ana Lídia Lucena
Jan 16, 2023

Faz jus a frase "a gente é aquilo que a gente come". Infelizmente acontece o abuso de hábitos que aos poucos só destroem o nosso corpo, que deveria ser algo sagrado e bem cuidado. Esse texto além de trazer conhecimento nos alerta, é ensinar como vivermos melhor e como prevenir algumas situações. Parabéns ao !!!

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