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Foto do escritorNutricionista Jayme Assunção

Entenda de uma vez por todas: O álcool não colabora com a sua saúde física e mental.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 3 milhões de pessoas morrem, por ano, devido ao uso nocivo de álcool. Isso representa uma a cada vinte mortes, colocando o álcool como responsável por mais de 5% de todas as mortes no mundo. Historicamente, o consumo de álcool foi incorporado a tradições culturais e até mesmo religiosas em diferentes sociedades e contextos. Isso ocorreu, provavelmente, porque alguns dos efeitos das bebidas alcoólicas, como relaxamento e sensação de bem-estar, presentes no uso de pequenas quantidades, podem ser considerados potencialmente positivos. Contudo, em minha prática clínica é de se notar a dificuldade de pessoas em busca de aumento do desempenho físico, mental e cognitivo, conseguirem bons resultados com a não restrição da sua ingestão. De forma aproximativa, 1 dose de padrão de bebida corresponde a 14 g de álcool puro e isso depois de metabolizado é convertido em açúcar. É comum escutar pessoas falando que ao consumir bebida alcoólica tem optado por destilados ou cervejas sem açúcar, porém como falei anteriormente há processos metabólicos envolvidos na limpeza do álcool dentro da corrente sanguínea e esse é o grande problema.


Ressalta-se que, segundo a OMS, não há um nível de consumo de álcool que seja absolutamente seguro. Se a pessoa bebe, há risco de problemas de saúde, além de comprometer competência da memória, raciocínio, elevando níveis de ansiedade e risco de desenvolvimento das patologias com interação ao sistema nervoso central. Vejo muitas pessoas buscando protocolos absurdos de emagrecimento e hipertrofia, sendo muitas vezes organicamente ofensivos e ainda em conjunto, persistem ao uso da bebida alcoólica sob a expressão: "é apenas aos finais de semana". Ou seja, 8 dias no mês, 96 dias no ano e consequentemente ficam no "estacionamento" dos resultados que almejam. Então podem estar felizes por 2 dias na semana, esquecendo que há toda uma vida pela frente. Meu objetivo com esse texto não é catequizar ninguém, é alertar o quanto temos que ter cuidado com nossas escolhas para que possamos conquistar bons resultados. A frustração é um sentimento que enfrentamos quando as nossas expectativas são quebradas e algo não sai como o esperado, e estamos sempre esperando que nossas metas sejam atingidas, ao contrário disso, nem sairíamos de casa todas as manhãs. As estatísticas do estudo Global Burden of Disease 2010 (GBD 2010) chamam a atenção: o álcool está entre os dez maiores fatores de risco para a carga total de doenças por idade em 2010. A situação epidemiológica do consumo de álcool durante a pandemia de Covid-19 ainda está sendo avaliada, mas em especial, o isolamento social – além do próprio cenário da pandemia, associados ao aumento de estresse, ansiedade e incertezas, agravaram associações ao uso nocivo de álcool. Uma matéria na SA Varejo tem o seguinte destaque: "A pandemia contribuiu para o forte crescimento no volume de cervejas da Ambev, que superou as vendas do produto durante a Copa do Mundo, em 2014." O consumo de álcool não afeta a todos da mesma maneira, mas a seguir vou compartilhar meu conhecimento relacionado ao metabolismo e sistemas humano e as suas relações com a bebida alcoólica.


Tenho uma fórmula de compreensão sobre a análise clínica de quando o paciente deve abandonar a bebida alcoólica, nem que seja temporariamente em tempo definido em consulta. Os fatores biológicos que são entendidos como predisposições genéticas ou, e condições físicas, incluindo composição corporal de tecidos, reações imunológicas, análise de neurocircuitos, assim como temperamento e metas definidas. Vale lembrar que esse hábito de consumir bebida alcoólica, muitas vezes já vem de criação e acrescenta-se um peso sobre a maneira de cada um enfrentar dores, relaxar, socializar com amigos, familiares e pares. O ser humano tende estar sempre em busca de uma regulação de afeto positivo e afeto negativo, sendo essa a maior questão da dificuldade em parar o consumo quando se está buscando melhores resultados na vida. Estar "alegrinho(a)" pode custar caro, e fisiologicamente envelhece. A ligação entre o álcool e o seus danos relacionados ao envelhecimento começam no nível celular, com o encurtamento dos telômeros (região na extremidade dos cromossomos que determina o envelhecimento). Em 2017, um estudo japonês, liderado por Narushia Yamaki, da Escola de Medicina da Universidade de Kobe, chegou à mesma conclusão que podemos também relacionar a uma redução fisiológica em capacidade de formar tecido muscular. Como venho sempre dizendo, nosso maior objetivo em termos nutricionais é manter o melhor nível em percentual de massa magra possível, assim como menores níveis inflamatórios e do tecido adiposo em região abdominal e outra regiões avaliadas na abordagem clínica. Muito me surpreende ainda a quantidade de profissionais da área de saúde defendendo a utilização social da bebida alcoólica, da qual não estou te aterrorizando, mas alertando da mesma forma que faço para diversos outros assuntos que são abordados com frequência em meus atendimentos.


Quando o assunto é psicopatologias e as suas formas de manifestação, posso fazer uma breve relação entre beber e dirigir: Há uma diminuição da atenção, sonolência, redução de visão periférica, falta da percepção de velocidade, talvez uma euforia e até uma reação lenta a qualquer necessidade que está sujeito acontecer. Não saindo da realidade cotidiana de quem bebe, podemos também notar certa impulsividade e busca por sensações de prazer, como por exemplo comprar um fast food. Sendo uma droga altamente viciante, em seu uso frequente para se atingir um determinado estado psíquico leva à necessidade de elevação da dose para níveis cada vez maiores para se atingir o mesmo estado. Todos os danos que relacionei acima, tende a se agravar com o tempo. Temos um padrão comportamental em pessoas que utilizam bebida alcoólica, e isso faz com que seja necessário uma abordagem global em relação ao meu posicionamento, que independente da informação sobre a quantidade ingerida em anamnese, eu solicito que seja zerado o consumo, tornado mais seguro a conquista do resultado e a utilização de fórmulas que incluem vitaminas, minerais, aminoácidos e fitoterápicos. Em geral as alterações biológicas, em nível de permeabilidade de membrana celular, intestinal, muscular, cognitiva, ativação de receptores e epigenética, as explicações ultrapassariam alguns muitos dias de leitura, mas a seguir vou resumir 10 fatores fisiológicos e cognitivos negativos da bebida alcoólica:


  1. Um dos principais problemas associados com o uso de álcool para lidar com problemas de saúde mental é que o consumo de álcool altera a química do cérebro. Ela diminui os níveis de serotonina – a substância química que interfere, dentre outros processos, com as famosas depressão e ansiedade. Existem textos no blog abordando esse neurotransmissor. A dependência do álcool pode gerar sintomas que podem ser confundidos com uma depressão, por isso é necessário se ter muito cuidado ao diagnosticar quadros de compulsões, ansiedade, TDHA entre outras patologias cognitivas em pessoas que tem o hábito contínuo de ingerir bebida alcoólica.

  2. Dificuldades em controlar o comportamento de consumir a substância em termos de início, término ou níveis de consumo apontam também uma possível intolerância a adesão a um plano dietético. A compulsão não é apenas uma necessidade química, é também um comportamento e isso precisa ser modificado através da neuroplasticidade, uma adequação cognitiva ao novo comportamento que vai gerar uma recompensa maior do que aquela do hábito nocivo. A única solução para isso, é viver a experiência. Ler esse texto por exemplo, não é suficiente para você enxergar todos os benefícios de ficar sem beber, é preciso viver. Assim seus neurônios dirão: "Beber pode ser bom, mas agora, ficar sem beber é muito melhor."

  3. Ninguém toma cerveja comendo batata doce com brócolis. Normalmente a bebida alcoólica é uma porta para comidas industrializadas, tabagismo e outras drogas que têm efeitos nocivos na saúde do ser humano.

  4. O consumo de bebidas alcoólicas pode interferir na absorção de nutrientes importantes para o aumento de massa muscular, causar desidratação por estimular a diurese e comprometer a força e a potência. Conhecemos o processo de envelhecimento relacionado à síndrome Sarcopenia que nada mais é do que a perda muscular provocada por diversos fatores fisiológicos, que se resumem em chegar aos 65-70 anos debilitados de vigor. Estamos em busca de mais qualidade de vida e longevidade e tudo o que vai de confronto a isso, mesmo que gere um prazer momentâneo, deve ser tratado com muita atenção.

  5. É uma contradição o efeito psicológico momentâneo da bebida alcoólica quando relacionamos os danos fisiológicos. Vejam só, há uma sensação ou expectativa de maior desejo sexual, mas o álcool compromete, de forma negativa, o desempenho. E hoje isso está sendo agravado com todo um contexto de colesterol elevado, resistência a insulina, obesidade e fatores estressantes que somatizam em uma baixa resistência e apetite sexual, assim em homens como em mulheres.

  6. O álcool tem efeito bastante tóxico na mucosa intestinal e acaba diminuindo a absorção de vitaminas fundamentais para o nosso corpo, como a tiamina, ácido fólico e B12. Gastrite, refluxos e outras patologias ligadas ao sistema digestivo têm seu tratamento beneficiado com a retirada da bebida alcoólica, assim como seu agravo com a exposição.

  7. O álcool é tóxico e o corpo precisa convertê-lo em substâncias que não sejam tóxicas. Mas isso leva tempo e faz com que os sintomas possam durar um dia inteiro ou até mais, prejudicando a disciplina nos treinos, assim como noites de sono e recuperação muscular de lesões provocadas na prática de atividade física. O maior erro é participar de um aulão de crossfit ou pedalar por horas, parar e beber uma cerveja por exemplo.

  8. O álcool se acumula no organismo em forma de gordura, elevando o peso com mais facilidade e atingindo regiões como os glúteos, barriga e o quadril.

  9. A desidratação faz parte importante da ressaca, pois ela pode ser responsável por muitos dos outros sintomas típicos, desde a dor de cabeça e fadiga até a ansiedade e a sensibilidade à luz e aos sons, segundo o médico Timothy Watts, especialista em alergias em adultos do hospital particular britânico The London Clinic.

  10. De acordo com um estudo publicado no The Journal of Nutrition, a ingestão de bebidas alcoólicas e/ou açucaradas pode estar associada ao surgimento da gordura no fígado, considerada a principal causa de doenças hepáticas crônicas.


Um estudo realizado pelo serviço de psiquiatria do Hospital de Santa Maria de Lisboa, em 2010 por Samuel Pombo (Phd em psicologia) e Daniel Sampaio (Psiquiatra), teve uma amostra constituída por 134 estudantes universitários. Com objetivo de abordar sintomas da ressaca do dia seguinte após o consumo de bebida alcoólica, concluiu-se que a substância tem efeitos colaterais como: Fadiga, sede, fraqueza, dor de cabeça, comprometimento da formação de músculos, náusea, vômitos, perturbação do sono REM, ritmos biológicos desorganizado, vertigens, sensibilidade à luz e som, alterações da atenção e concentração, humor (depressão, ansiedade e irritabilidade) e hiperatividade simpática (tremor, sudorese, taquicardia). Por enquanto ficamos por aqui, mas ainda há muito a ser abordado sobre esse tema!




JAYME ASSUNÇÃO
NUTRICIONISTA
PÓS GRADUADO EM NUTRICÃO ESPORTIVA E ORTOMOLECULAR
PÓS GRADUANDO EM NEUROCIÊNCIAS - PUC
CRN 11090

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